JESUS DECEPCIONA?

Quem nunca foi decepcionado? É comum este sentimento em muitos de nós. Criamos expectativas, ilusões e PUM!!!! O castelo se desfaz e percebemos de que nada daquilo que idealizamos aconteceu.
Há uma frase que ouvi certa vez e nunca esqueci: Só se iludi quem cria ilusões.
Conquanto este sentimento ficasse ao nível humano, tudo bem, afinal, quem nunca projetou sonhos e idealizações - muitas vezes até impossíveis - no próximo? Mas, quando este sentimento é derivado das expectativas postas sobre Jesus? Como é que fica?
A princípio parece ser impossível alguém se decepcionar com Jesus, porém, isto é mais comum do que possamos imaginar. Talvez a sua primeira reação seja: Eu?!! Decepcionado com Jesus? Nunca!!!. Porque esta é a resposta que se espera de um cristão. Doce ilusão. Nós, cristãos, passamos por muitas crises existenciais, por exemplo o querer ter ou ser, que nem sempre é o querer de Deus em nossas vidas, pois, o Criador sabe que este querer não é um bem maior para nossa existência. Quando isto acontece ficamos tristes, chateados, pra baixo, aborrecidos, outros títulos usados que podem ser muito bem substituídos por: decepcionados.
Contudo, com esta afirmação, não estou querendo fazer um pré-julgamento de todos os cristãos, pois sei que existem, realmente, pessoas que não têm este tipo de sentimento, ou porque no passado já sentiram-se assim e aprenderam a confiar, independente de qualquer situação, ou por nunca terem passado por isto. Aleluia!
Mas, vamos voltar à causa comum, e perceber através das Escrituras Sagradas que à época de Jesus este foi o sentimento dos dois discípulos no caminho de Emaús ( Lc 24:13-24).
Isto ocorreu ao terceiro dia, após a crucificação de Jesus, quando este já havia ressuscitado e o anjo anunciado as três mulheres.
“E Jesus lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? - E, respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse-lhe: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias? - E Jesus lhes perguntou: Quais? - E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; E como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.” (vs. 17-21)
Estes seguidores de Jesus, mesmo tendo a certeza de que Ele era um profeta de Deus, por suas palavras poderosas e milagres indiscutíveis, projetaram suas expectativas de libertação da opressão romana, dando-lhe um papel de messias conforme entendiam na leitura das Escrituras Sagradas (Dt 18:15,18). Porém com a morte de Jesus – e vale salientar morte de cruz – acharam que tudo estava perdido. Sonho frustrado: estaca zero.
Embora não seja esta a expectativa que projetamos em Jesus, o fim é o mesmo: esperamos que Ele nos atenda conforme nossos anseios e desejos; advindo assim o sentimento de decepção.
A experiência vivida pelos discípulos de Jesus, poderá nos trazer um grande aprendizado, quando percebemos que:
• JESUS NUNCA NOS ABANDONA.
Jesus aparece aos dois discípulos, porém os mesmo não identificaram sua presença, mesmo tendo convivido ao seu lado:
“Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles. Os seus olhos estavam como que impedidos de reconhecer”. ( vs. 15,16)
Assim acontece conosco, mesmo não percebendo sua presença, Jesus está sempre ao nosso lado:
Orientando - “Quando desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele”.( Is 30:21)
Protegendo – “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça”. (Is 41:10)
Livrando-nos do mal – “Pois Ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro”. (Sl 91:3-4a)
• A MURMURAÇÃO NOS DISTANCIA DE JESUS
Os discípulos estavam tão centrados em sua decepção quanto ao messias que mesmo sabedores da notícia de sua ressurreição não os fez mudar de ânimo.
“ É verdade também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e, não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive”. (vs 22,23)
Muitas vezes temos a resposta ou a solução dos nossos problemas bem à frente:
“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.” (I Co 10:13)
E/ou somos alcançados pela providencia divina no suprimento de nossas necessidades básicas:
“O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.” (Fp 4:19)
Porém, por não ser conforme idealizamos ou esperamos caímos no erro da murmuração e não percebemos o que está acontecendo a nossa volta.
CONHECIMENTO QUE ESCLARECE E DAR ENTENDIMENTO
Os discípulos, embora fossem judeus, e isto pressupõe conhecedores das Escrituras e profecias, não tinham tal conhecimento ou se tinham as desprezavam não as aplicando para o dia-a-dia.
Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.” (vs. 25-27)
Isto, também, ocorre conosco, como cristãos pressupõe que devemos conhecer e, principalmente, vivenciar aquilo que está ‘dito’ nas Escrituras:
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho”. ( (Sl 119:105).
“ A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples”. (Sl 119:130)
“ Jesus diz: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”. (Mt 22:29)
JESUS SEMPRE ESPERA UM CONVITE
Jesus jamais força sua entrada no coração humano, caso não fosse convidado, o Nazareno poderia passar adiante da hospedaria. Ele aguarda de nós sempre um convite para habitar em nosso espírito e nos abençoar com um novo nascimento e uma nova vida.
“ Quando se aproximava da aldeia para onde iam, Jesus fez como quem ia continuar a caminhada, seguindo mais à frente. Porém, eles muito insistiram, rogando-lhe: “Fica conosco, pois é muito tarde, e o dia já está chegando ao fim!” Então, Ele (Jesus) entrou para ficar com eles”. (vs. 28,29)
Alguém pode afirmar: mais os discípulos não sabiam que era Jesus, portanto não foi a Jesus propriamente a quem convidara. Neste caso específico observamos dois aspecto:
Primeiro: Estes homens já haviam convidado a Jesus, senão não seriam discípulos.
Segundo: uma vez socorrendo a um ‘forasteiro’ assim convidara a Jesus.
“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era forasteiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me - Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? - E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mt 25:34-40)
• DA PALAVRA RENASCE A ESPERANÇA
A primeira impressão que os discípulos tiveram de Jesus foi de incredulidade, pois não compreendiam como alguém não estava a par dos últimos acontecimentos:
“ És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias?” (v.18b)
Todavia, após a explanação do Mestre com relação às Escrituras, a decepção e tristeza que sentiam, podemos supor que, começou a dar lugar a um estado de esperança e paz interior:
“ E disseram um ao outro: Porventura não nos ardia o coração, quando Ele pelo caminho nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” (v. 32)
Não é sempre assim que acontece conosco? Quando estamos entristecidos, angustiados e alguém começa a falar das promessas de Deus ou começa a discorrer sobre a graça divina, uma serenidade começa a invadir as nossas almas.
NA COMUNHÃO SOMOS UM SÓ CORPO
Quando já estavam instalados na hospedaria, e os seus corações apascentados, estavam prontos para perceberem a presença do Cristo. O Espírito Santo manifestou-se para dar o entendimento necessário para compreenderem a graça da ressurreição. As escamas caíram e véu da ignorância se rompeu.
E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando Ele (Jesus) o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu; Então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram.” ( vs. 30-31 a)
A graça do Senhor Jesus, o amor de Deus, e a comunhão com o Espírito Santo testificam a ressurreição e a salvação pelo sacrifício salvífico.
“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra (Jesus), e o Espírito Santo; e estes três são um”. (I Jo 5:7)
CONCLUSÃO
Somos peregrinos no caminho de Emaús, projetando nossas expectativas terrenas numa visão limitada do Reino, ocasionando as decepções, e tudo isto pelo não conhecimento de um Deus eterno-criador, que FOI, É e SEMPRE SERÁ, cuja essência, assim podemos dizer, ser: amor, misericórdia e graça.
E a pergunta a refletir é: Quanto tempo levaremos até refazer o caminho de volta?
“E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém onde acharam reunidos os onze e outros com eles, os quais diziam: O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão!”. (vs.33,34)
Que em Minha Oração possa afirmar conforme Jeremias (Jr 31:3) Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo:
Porquanto com amor eterno te amei,
por isso com benignidade te atraí.
Amém.
Joseane Pires
31/05/2007

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