MELHOR DO QUE DESCER É NÃO SUBIR

Por diversas vezes ouvimos falar que a vida é um palco, infelizmente, para a maioria das pessoas este palco se mostra sombrio, sem perspectiva, com cenas reais de uma realidade assustadora.
Mas, em contra-partida, existem os palcos iluminados, onde sempre brotam a esperança e a fé para uma vida melhor. Tenha Vida Eterna é o convite no final do espetáculo, quando as cortinas se baixam e a platéia sente o renovo de um novo nascimento.
Porém, não quero falar aqui da mensagem, e sim do seu anunciador, pois, quem ocupará o tablado e proclamará a Boa Nova? Quem será o ator que protagonizará a mensagem da salvação?
Muitos dirão: Somos nós; comissionados por Deus para divulgar o Evangelho até os confins da terra. Não foi assim que Jesus pregou sobre a grande comissão? E com estes raciocínios ocupam seus lugares de destaque e entram em cena. Tudo está em perfeita ordem: fala ensaiada, marcação posta, vestuário perfeito, texto decorado... Mas, quando as cortinas sobem deparam-se com uma realidade, muitas vezes esquecida: o ator principal deverá ser sempre e unicamente Jesus.
Dar-se início a uma dura batalha interior, pois Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer? (Jeremias 17:9). Em sua ânsia de proclamar o Evangelho o homem esquece da mensagem da cruz.
O Apóstolo Paulo em sua carta aos Filipenses (2:6-8) nos diz: Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. A morte de cruz para Jesus foi a crucificação do pecado da humanidade com a finalidade de sua salvação, a morte de cruz para nós é a crucificação do nosso ego com a finalidade de proclamar a salvação ‘apenas’ através de Jesus Cristo.
Em sua 1ª carta aos Coríntios, o Apóstolo adverti: não ultrapassei o que está escrito (1Cor 4:1). E o que é que está escrito: necessário que Ele cresça e que eu diminua (João 3:30) - palavras do Cristo Jesus, o Deus que se fez homem; viveu entre os homens; suportou a dor, fome, tristezas e angústias como homem, para mostrar ao homem que tudo é possível aquele que crê. Tudo isto com a finalidade de que ninguém se ensoberbeça a favor de um em detrimento de outro. Pois quem é que 'nos' faz sobressair? E o que temos nós que não o tenhamos recebido? E, se o recebemos, por que nos vangloriar, como se o não tivéssemos recebido? (1Cor.4:6b-7) (conjugação proposital).
Paulo continua no mesmo capítulo mostrando o que se espera de um ministro de Cristo: Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, ‘despenseiros’ em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. Nós somos loucos por causa de Cristo... fracos... desprezíveis. Até a presente hora sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos. (vv.9-13). Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo. (1Cor11:1).
Jesus Cristo é o Senhor da Vida que veio da morte, Ele precisou primeiro morrer para depois ressuscitar, enfrentou antes a humilhação para só depois vir em glória. Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me ( Mateus 16:24). Pois é chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto (João 12:23-24). Faz-se necessário a morte do eu, para que a Palavra viva.
Faz-se necessário não buscar os louvores dos homens, mas conduzir aqueles que louvam ao único que merece todo o louvor.
No palco da Vida não somos o protagonista nem muito menos os coadjuvantes, somos meros contra-regras, onde: escolhemos o teatro, montamos a cena, preparamos os textos... mas, ficamos por detrás das cortinas, de forma que ninguém perceba a nossa presença.
Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar para não suceder que havendo um convidado mais digno do que tu, vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás envergonhado, ocupar o último lugar (Lucas 4:8-9).
Como afirmou João Calvino: “Deus nunca receberá o que lhe é devido a não ser que sejamos totalmente reduzidos a nada, de forma que se veja claramente que tudo o que é louvável em nós não provém de nós”. Melhor do que descer do palco, é não subir.
A oração do Apóstolo Paulo é a minha oração:
Que o nosso amor aumente mais e mais
em pleno conhecimento e toda a percepção,
para aprovarmos as coisas excelentes e que
sejamos sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo
cheios do fruto de justiça,
o qual é mediante Jesus Cristo,
para a glória e louvor de Deus (Fp 1:9-11)
Em nome de Jesus
Amém! Joseane Pires