CASO ISABELLA: UM EXERCÍCO TEÓRICO DA GRAÇA

Durante todo o mês de abril, nos defrontamos com a seguinte pergunta: O que está acontecendo com os valores familiares? Saber que um pai e uma mãe (neste caso não sendo mãe biológica, mas já tendo desenvolvido em si o papel materno) pode, segundo as evidências, ter cometido um crime brutal e bárbaro a uma criança de apenas 5 anos de idade, nos deixa perplexos diante do caminho em que a humanidade está seguindo. E além de tudo isto, saber, também, que esta tragédia é apenas um caso que vem à tona, pois são muitas as isabellas vítimas de pais que deveriam protegê-las ao invés de agredi-las.
Neste período vi, li e ouvi várias abordagens e opiniões de acordo com as suas áreas pertinentes, por exemplo: jurídica, sociológica, antropológica, psicológica. Abordagens estas que estão sempre levando em conta a prescrição do crime, seu impacto na sociedade, o estudo da criminalidade na família e o que leva um ser humano a cometer tal atrocidade.
Contudo, na área teológica, qual deve (ou deveria) ser a posição dos cristãos?
Um dos princípios do cristianismo é sermos discípulos de Cristo, e para sermos discípulos precisamos ser seus imitadores (Sede pois imitadores de Deus, como filhos amados. Ef. 5:1), isto pressupõe que os atributos divinos devam fazem parte de nossas ações, ou seja: amor, tolerância, longanimidade, bondade, misericórdia...
Seguindo este raciocínio, repasso-lhes a pergunta que não quer calar em meu coração: E se os Nardoni, arrependerem-se genuinamente, confessando a Deus ‘este pecado’ qual seria sua (minha) posição diante deste pai e mãe? Olhá-los-ia com misericórdia, não mais imputando este pecado. Esperando, com toda sinceridade, que estes possam ter a oportunidade de restaurarem suas vidas?
Durante alguns dias, antes de escrever este artigo, fiz estas perguntas a algumas pessoas, tanto para cristãos como para não cristãos; A resposta foi diversificada: Os não cristãos, basicamente, foram unânimes em não perdoar. Quanto aos cristãos houve divergências, os que aceitam e os que não aceitam exercitar o perdão que a Graça nos concede. Neste caso, lembrando a estes últimos, o que a Palavra nos ensina: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1º Jo 1:9).
Todavia, voltando o nosso foco para o primeiro grupo de cristãos, gostaria de aprofundar nosso exercício, pois é comum em um teste aumentar o grau de dificuldade, à medida que passamos pelas etapas. Então vamos lá: Se o que foi exposto tivesse acontecido (estando nós do lado da vítima) com um parente nosso, ou – dificultando um pouco mais - com nosso filho, continuaríamos com o mesmo sentimento de aceitação da graça na vida do outro?
Agora complicou, não foi? Onde quero chegar, ou melhor, onde Deus quer nos levar? Resposta: a exercitarmos a graça não de forma apenas teórica, (como sugiro no título desta mensagem) mas de uma forma prática, no nosso dia-a-dia.
E como isto se daria? Saindo do macro e exercitando o micro, ou seja, deixando de projetar idealizações de perdão em supostas situações (tomará que estas situações realmente nunca venham a ocorrer conosco!) e começarmos a olhar em volta e tentando desenvolver a misericórdia em nosso ambiente de trabalho, em nossa vizinhança, entre nossa família e por fim, em nosso próprio lar.
Vale ressaltar, que não estamos aqui questionando as leis humanos, alguém que comete tal crime precisar ser julgado e cumprir a lei perante os homens, mas estamos ressaltando a lei divina, onde cremos em um Deus que veio para salvar e não para condenar (Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido. Lc 19:10).
Minha oração:

Senhor, derrama Teu coração em meu coração

Para que possa olhar ao meu redor e ver meu próximo com os Teus olhos,

buscando sempre a essência divina em cada homem ou mulher,

dando-lhes sempre as mesmas oportunidades que

Tu tens me dado ou que já me deste:

o arrependimento sincero.

Em nome de Jesus. Amém.

Joseane JPires