VENERADOR OU IMITADOR - CRENÇA OU FÉ - QUAL É A SUA?

Que homem fascinante foi João Ben Zacarias! Seu exemplo de abnegação e coragem tem inspirado muitas pessoas e provocado a veneração de muito mais gente neste dois milênios de cristianismo.
João era filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, prima da Virgem Maria, e, naturalmente, seria sacerdote do sutuoso templo de Jerusalém. No entanto, é sabido que João rejeitou todos os privilégios e honrarias pertinentes àos sacerdotes, para viver no deserto, vestido de peles de camelo e comendo gafanhotos e mel silvestre. Essa decisão aconteceu devido à forte convicção de que nele se cumpria a palavra de um certo profeta Isaías que havia dito: “Voz do que clama no deserto, preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus” (Is 40.3).
Realmente, o sistema religioso de Jerusalém estava em decadência devido à corrupção da liderança sacerdotal e precisava de um retorno à retidão, pois o lugar de oração havia se tornado covil de ladrões.
Sabendo disso, João rompeu, definitivamente, com o seu futuro promissor, visando cumprir o chamado divino de profeta. Depois de algum tempo, João apareceu conclamando todos a se arrependerem de seus pecados e receberem o batismo de purificação. Seu ministério preparou a chegada de Jesus, denunciando a corrupção do sistema religioso e conduzindo inúmeras vidas ao caminho da santidade e justiça do Reino de Deus.
Hoje, para o popularmente conhecido João Batista, se tem um dia reservado no calendário, recheado de homenagens, veneração e louvação.
Todavia, as atitudes que caracterizaram João Batista são tidas, por muitos que o louvam, como loucura. Quantos têm largado empregos concursados, carreiras prósperas, regalias, status, respeito, honra, roupas novas, belas e caras para “enlouquecerem”, morando, vestindo e comendo estranhamente, nessa viagem de que Deus lhes chamou para cumprirem uma missão importantíssima na Terra?
Quanta incoerência ver muitos que celebram João Batista, também, celebrarem o desdém aos “joões-batistas” contemporâneos, porque preferem admirá-lo, ao invés de imitá-lo, venerá-lo a encarná-lo. Nisto fica claro que existe um abismo profundo entre fé e crença que determina o que verdadeiramente impulsiona o coração humano.
João Batista só foi voz profética porque andou em fé, e fé em nada se assemelha a crença presentes naqueles que o veneram. Porque a fé é existencial, a crença é ritual. A fé cinde, a crença agrega. A fé é dinâmica e multiforme, a crença é estática e repetitiva. Ou seja, a fé é em todo o tempo, a crença em dia e hora marcados.
A fé faz do homem um imitador, e a crença, um venerador. E é justamente, a diferença entre fé e crença que distingue um venerador de um imitador.
O venerador move-se pela crença enquanto o imitador caminha pela fé. Por isso o venerador jamais conseguirá ser imitador e nem o imitador ser venerador. De modo que veneração e imitação são pólos opostos e repelentes, assim como trevas e luz.
Porque o venerador celebra o exemplo morto enquanto que o imitador morre para ressuscitar o exemplo.
Dos dois, qual você é?
Edson Rodrigues