PEQUIM E A IGREJA EVANGÉLICA, SERÁ COINCIDÊNCIA?

Alguns dias atrás, assistindo a uma reportagem sobre as Olimpíadas Pequim 2008, fiquei muito surpresa - quer dizer, não tão surpresa assim - ao comentário que constatava o embuste desse país ao assegurar que: caso fosse escolhida para sediar os jogos olímpicos haveria uma abertura política, onde as notícias não iriam sofrer censura, a transparência seria o cartão postal, a poluição seria combatida fechando com meses de antecedência algumas fábricas, a fim de haver oxigênio puro e limpo tanto para os atletas como para os turistas, e as obras para acomodação e realização dos jogos seriam concluídas em tempo hábil. Doce ilusão! Há apenas alguns dias antes do início deste evento já se constata falhas na organização e, principalmente, ainda se é observável a censura no controle das notícias e imagens, podando a imprensa livre.
É claro que até certo ponto isto era previsível, pois nada se muda de uma hora para outra, apenas por ter assinado um papel ou dado uma palavra, se isto não passar por uma reforma a nível interior.
Assim, também, são algumas igrejas evangélicas brasileira – faço menção apenas a este seguimento, pois é a ele a que pertenço -, onde muito se prega e pouco se faz.
É contagiante ver o convite feito para aqueles que estão de fora, longe dos bastidores: Aqui você encontrará o amor de Deus... Haverá compreensão caso venha a tropeçar no caminho... Poderá ser sincero e abrir seu coração para que juntos possamos nos fortalecer... Encontrará sua verdadeira família, onde o amor é o laço mais forte... e blá, blá, blá.
Contudo, uma vez dentro... Constatamos, infelizmente, que Jesus não é o homem de branco que passeia por entre todos. Ele está na mensagem, na oração, no louvor, na conversa, mas não habita onde, verdadeiramente, deveria ter o lugar de honra: no coração. Assim, essas mensagens passam apenas a ser técnicas homiléticas, dando prioridade a letra e esquecendo do espírito; a oração transforma-se em palavras aprendidas e repetidas, tentando impressionar pela beleza da conjugação e harmonia com que se é dita, e que nos faz lembrar da frieza das carpideiras que, por profissão, pranteavam os mortos; os louvores ora são catarses das proibições impostas por uma educação castradora ou de uma educação religiosa deturpada onde o indivíduo não pode usar seu corpo para expressa sentimentos de alegria, ou ora serve como sentimentalismo momentâneo, descarregando através do choro as angústias e repressões impostas pela vida, mas que após a música volta-se a postura inicial, nada refletindo no que acabou de profetizar; e por fim, nas conversas onde o jargão evangélico se faz presente, é um tal de graças a Deus, onde o Deus deixa de ser o Deus vivo e ressurreto e passa a ser o próprio eu, pois na verdade a expressão que a boca fala é totalmente diferente ao que o coração sente, pois fala-se um graças a Deus, mas com a prática de um graças a EU.
Precisamos aprender e entender que:
Não é o que se prega, e sim o que se vive;
Não é o que fala, e sim o que se faz;
Não é o que se canta, e sim o que se compromete;
Não é o que se repete, e sim o que se transforma.
Se não buscarmos a essência do Evangelho no Evangelho, o encontro pessoal e intransferível com o Criador da Vida, seremos conforme Pequim: muitas promessas, beleza exterior, torcidas ensaiadas, conquanto que ainda seja tudo uma capa para impressionar e atrair, mostrando apenas uma força numérica, não se preocupando verdadeiramente com a individualização.
Todavia, ao falamos em igreja evangélica num universo macro, tentamos lembrar que todos aqueles que estão no caminho da verticalidade com Cristo, possuem o Espírito Santo sediado no próprio corpo, assim, no universo micro, somos, também, Igreja, portanto, a responsabilidade de mudar o quadro atual faz parte de cada um de nós.
Minha oração
Pai, ajuda-me a não projetar no outro
a responsabilidade de ser igreja,
pois a Tua Igreja está dentro de mim.
Joseane JPires